Hoje (24/02) ás 18 horas a Editora Corrupio lança na Livraria LDM – Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha, o livro Sángò, da antropóloga Juana Elbein dos Santos e de Deoscoredes Maximiliano dos Santos, Mestre Didi Asipá (1917-2013). Com esse volume, dedicado ao orixá Xangô a editora conclui a edição de livros assinados pelo casal que inclui os volumes Èsù (2014) e Arte Sacra e Rituais da África Ocidental no Brasil (2015). Com 76 páginas e impresso em papel couché, o livro conta com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia mecanismo de fomento à cultura gerido pelas secretarias de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Fazenda (Sefaz).
Os textos do livro tratam do orixá do panteão nagô, cultuado em comunidades-terreiros brasileiros, associado à justiça, ao fogo e ao trovão. “Xangô, ao mesmo tempo, resume toda a ancestralidade e todo futuro, todo princípio de virilidade. Ele representa do conceito que emerge tudo o que o ser humano é: guerra, violência, destruição, mas também família, amorosidade, carinho, bem-querer. Porque nós somos tudo isso que Xangô é”, afirma Juana.
Doutora em Antropologia pela Universidade de Sorbonne – Paris V, em 1972, com a tese que originaria o clássico Os Nagô e a Morte (1975), Juana imprime em Sángò a criatividade que a anima hoje: “Não sou cientista, muito ao contrário, sou uma criadora e uma criadora permanente. Acho que os milhões de células que se reproduzem em nós, essa criatividade enorme que nosso corpo é, reproduz um pouco o que acontece no cosmo”.
Várias dimensões do herói mítico e dinástico são abordadas no livro: Xangô como o quarto rei de Òyó, (Nigéria); como símbolo de realeza e da continuidade de linhagens, bem como o orixá filho de Yemanjá. Os autores apresentam e interpretam mitos, orikis, fabulações e descrevem suas oferendas e emblemas, como o osé (machado de duas lâminas), as pedras de raio e a gamela, entre outros. A relação entre o “Rei” e suas esposas (Obá, Oxum e Oyá) também integram o que a autora chamou de Linha do Tempo.
Os textos de Sángò foram escritos em vários momentos da existência da antropóloga, que foi casada com Mestre Didi por 50 anos. E, assim como revelam a continuidade do seu interesse e respeito pela visão de mundo nagô, também são um testemunho da convivência do casal, no Brasil e na África, com passagens encantadoras e epifanias.
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