Ontem, fui assistir ao espetáculo “Elis a Musical”, que está em cartaz no Teatro OI Casa Grande, no Leblon. A nova empreitada da Aventura Entretenimento, leia-se Aniela Jordan e Luis Calainho, os produtores do espetáculo. Uma produção bem cuidada em vários aspectos. Iluminação, sonorização e todos os segmentos técnicos colocando os atores á vontade para executarem seu trabalho.
Um texto muito bem alinhavado cronologicamente entre a carreira profissional e a vida pessoal da cantora. Um retrato fiel e com frases de muito impacto mostrando uma habilidade de Nelson Motta e Patrícia Andrade autores do texto em criar uma zona de conforto para os atores se expressaram e apresentarem suas habilidades. A direção de Denis Carvalho é morna e apenas em dois momentos leva o espectador a um clímax de emoção. Pouco, para o espetáculo que tem tantas possibilidades e se prende ao desejo de realizar um musical digno da Broadway.
Elis Regina, era gaucha, brasileira e seu repertório era uma coletânea das melhores músicas do cancioneiro nacional. Como mulher e artista vivia nessa linha tênue balançando entre entregar-se totalmente ao talento ou existir como mulher. Um prato cheio de delícias nas bocas dos vorazes homens da indústria fonográfica e dos porcos chuvinistas de plantão.
Assim foi sua existência marcada por essa ambiguidade Elis Regina era a melhor interprete do Brasil, mas sua origem humilde era um problema para elitismo da intelectualidade neo liberal das grandes cidades. Dois momentos são sublimes no espetáculo por momentos os personagens e atores se colam e ao mesmo tempo se deixam levar pela grandeza do talento dos personagens e brincam. No momento do medley do Fino da Bossa quando a talentosa Laila Garin, que interpreta Elis Regina e o ator Ícaro Silva, que na peça é o cantor Jair Rodrigues e juntos dão vida a Elis e Jair em um dos melhores momentos de ambas carreiras e com um tour de force e graça impressionantes dos atores.
O segundo momento é quando Elis Regina interpreta a música “O bêbado e o equilibrista”, e nos coloca como espectadores de novo estratificados em um ponto do ano de 1979, em que a esperança dançava também na corda bamba de sombrinha. Muito boa a interpretação de Laila Garin, Felipe Camargo e Claudio Lins. A direção musical também muito boa. Um espetáculo que só pelas canções vale a pena assistir e fechar os olhos e voltar no tempo de tão memoráveis canções.
The post Elis a Musical e algumas considerações sobre o musical em cartaz no Teatro Oi Casa Grande appeared first on Ze Ronaldo.