Desde de 2005, a exposição coletiva “Abre Alas” da galeria A Gentil Carioca é o chute inicial do calendário de exposições da arte contemporânea carioca. Esse ano não foi diferente, ontem (03/02) a movimentação próxima a Praça Tiradentes foi geral. Além de inaugurar o ano na arte contemporânea a coletiva “Abre Alas” aponta para o mercado novos artistas que tem seus portfólio analisados por um time de curadores especiais. Esse ano a curadoria foi liderada pelo artista plástico Cabelo, a curadora Clarissa Diniz e o curador gaúcho Ulisses Carrilho atualmente no Parque Lage e que lidera a luta para colocar a expo QueerMuseu.
Os artistas e coletivos selecionados para o ABRE ALAS 14, foram: Allan Sieber, Amador e Jr.
Segurança Patrimonial LTDA., Angela Od, Bia Martins, Caio Pacela, Danielle Cukierman,
Enorê, Gustavo Torres, Ivan Schulze, João Paulo Racy, Kammal João, Leandro Eiki, Mariana
Paraizo, Maxwell Alexandre, Nathalie Nery, Rafael Pagatini, Ricardo Villa, Thiago Ortiz, VAVVendo
Ações Virtuosas e Yoko Nishio.
Segue o texto dos curadores sobre o Abre Alas 2018
Trata-se da carne morna que recém morreu, da frieza dos corpos refrigerados,
do ar viciado de uma sociedade enclausurada e vigiada, de
um ar nonsense, de sentidos que não se revelam – como o fenômeno do
número. Luvas de látex autocontidas e moedas deformadas em trilhos,
formas dissimuladas nas ruas de uma encruzilhada e imagens projetadas
não para a lembrança, mas na busca da transitoriedade que leva ao esquecimento:
exemplos dos atritos que os artistas aqui apresentados propõem.
Linguagens às voltas com formas diversas de curto-circuito, ou de
esgotamento.
É preciso questionar o estatuto dos objetos, o lugar das coisas e a nossa
disposição em conviver com elas. Questionar, por fim, os sujeitos e seus
regimes de legitimidade. Assim como nas bandeiras dos movimentos sociais
que, unidas, se transformam numa “tereza” (para a arte, inclusive),
neste Abre Alas convergem fôlegos para a devoração coletiva da tradição
– ou, pelo menos, sua ruminação.
Das mais radicais propostas de Glauber Rocha, pensar o estranho surrealismo
tropical – a fome – deduz uma estética da violência que surge
do intolerável. Na obra de Glauber, toda ordem ou indivíduo poderá
ser submetida a um transe ou crise, pois nasce da violência. Com sorte
e uma saudável e farta dose de utopia, a fome sofre transmutações e
torna-se metáfora do desejo e do devir revolucionário. Da fome, da violência,
da crise e, hoje, do golpe, revela-se aquilo que é “terrível demais,
belo demais, intolerável”. Algo que excede nossa capacidade de reação.
Como a fome, imagens que – muito embora podemos sentir e com as
quais podemos nos relacionar – não podemos compreender.
Clarissa Diniz, Cabelo e Ulisses Carrilho
A exposição fica em cartaz até o dia o dia 10 de março. A Gentil Carioca fica na Rua Gonçalves Ledo 17- Sobrado – Centro
Fotos Divulgação
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Bestiário – Angela Od – Angela Od (1973) nasceu e vive no Rio de Janeiro. Atualmente pesquisa as relações entre bordado, imagens e seus simbolismos. Sua passagem pelo audiovisual contribui com a proximidade da linguagem dos vídeo games.
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Bloco- Nathalie Nery (1965) vive e trabalha no Rio de Janeiro. A artista toma o ser como um espaço e através do acúmulo e manipulação de materiais diversos, busca dar corpo a realidade insólita do inconsciente, individual e coletivo.
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Entre III – Danielle Cukierman (1980) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Na sua pesquisa utiliza materiais industriais e cotidianos: embalagens, carpetes, plásticos, cobertores… O consumo, a obsolescência e o banal são objetos de estudo da artista
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Espaços institucionais cantos – Amador e Jr Segurança Patrimonial LTDA , série de propostas performáticas concebidas por Antonio Gonzaga Amador e Jandir Jr., acontecem em ações específicas realizadas pelos artistas trajando uniformes de segurança em espaços artísticos institucionais.
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Favelidades Artísticas =Thiago Ortiz (1986) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Pesquisa temas como memórias da ditadura civil-militar brasileira e das religiosidades afro-brasileiras. Sua poética artística percorre espaços de atravessamentos das margens propondo outras construções narrativas e artísticas.
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Impia – Bia Martins Escultora, vive e trabalha entre as cidades de Cabo Frio e Rio de Janeiro. Desenvolve pesquisa acerca de processos de mutação do espaço, da paisagem, da arquitetura e suas relações com o meio ambiente.
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Inverso Incontido- Ivan Schulze (Santa Catarina, 1983), seu trabalho consiste em criar através de um processo minimalista e pessoal relativo à química e óptica fotográfica, os temas de suas imagens são essencialmente retratados com moradores locais. Inverso incontido,
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Legado – João Paulo Racy (1981) vive e trabalha entre Rio e São Paulo. Sua pesquisa trata dos efeitos que certos fenômenos sociais exercem sobre a configuração de grandes centros urbanos, a partir das peculiaridades desses espaços homogeneizados. Legado,
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Maira Mattar Djinis – Performance
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Não há Iamgem Aqui – Enorê (1992) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua pesquisa artística caminha entre métodos digitais de produção imagética e sua relação construtiva com outras mídias não-digitais, utilizando meios como pintura, gravura, vídeo e programação.
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O interprete-Caio Pacela (1985) vive e trabalha em Niterói. É bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFRJ e frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage.
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O vazio que atravessa – Kammal João (1988) vive e trabalha no Rio de Janeiro. Investiga processos de produção de imagens a partir de experiências sensoriais.
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Praesidium – Yoho Nishio (1973), professora da Escola de Belas Artes da UFRJ e pesquisadora. Começou a se dedicar ao tema da violência no doutorado, que teve como objeto a análise de desenhos e inscrições nas paredes das prisões e delegacias. É doutora e mestre em Artes Visuais pela EBA/UFRJ
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Sem Título – Maxwell Alexandre – Oriundo da favela da Rocinha, cresci com os mesmos anseios das crianças daqui, almejando grana, fama e poder. O tráfico e o futebol se apresentaram como duas saídas. Sei que ao escrever isso, afirmo um estereótipo também. Em 2010, terminei de cumprir o serviço militar obrigatório e fui estudar Comunicação Visual na PUC-Rio, onde esbarrei com o pintor Eduardo Berliner. No curso que o artista ministrava, tive meu primeiro contato com a arte erudita e desde então passei a ter uma produção aquecida.
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Trabalho de Superfície – Mariana Paraízo é graduanda em Artes Visuais na UFRJ, com passagem pelo curso de Letras da PUC-Rio e EAV. Concentra sua produção atualmente em ações performadas para vídeo, o uso da escrita em objetos como prática artística e na pesquisa plástica relacionada ao papel e a brita.
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Tudo acabal mal – Allan Sieber (Porto Alegre, 1972), artista plástico e roteirista. Radicado no Rio desde 1999, expôs em coletivas na galeria Cavalo (RJ), Mezanino (SP) e Sancovsky (SP). No segundo semestre de 2018 terá uma individual de pinturas na galeria Sankovsky. Tudo